Abaixo, alguns trechos extraídos do recomendado livro sobre a fragilidade dos laços humanos "Amor Líquido", do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o qual faleceu, aos 91 anos de idade, em janeiro de 2017:
"Os filhos estão entre as aquisições mais caras que o consumidor médio pode fazer ao longo de toda a sua vida."
"Nos compromissos duradouros, a líquida razão moderna enxerga a opressão; no engajamento permanente percebe a dependência incapacitante."
"A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum."
"O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu 'valor monetário'."
"O amor-próprio é construído a partir do amor que nos é oferecido por outros."
"A moral nada mais é que uma manifestação de humanidade inatamente estimulada — não 'serve' a propósito algum e com toda certeza não é guiada pela expectativa de lucro, conforto, glória ou autoengrandecimento."
"Os moradores das cidades e seus representantes eleitos tendem a ser confrontados com uma tarefa que nem por exagero de imaginação seriam capazes de cumprir: a de encontrar soluções locais para contradições globais."
"Toda aposta na pureza produz sujeira, toda aposta na ordem cria monstros."
"Além de representarem o 'grande desconhecido' que todos os estrangeiros encarnam, os refugiados trazem consigo os ruídos de uma guerra distante e o fedor de lares pilhados e aldeias incendiadas que só podem lembrar aos estabelecidos a facilidade com que o casulo de sua rotina segura e familiar (segura porque familiar) pode ser rompido ou esmagado."
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"Amor Líquido", lançado no Brasil em 2004 pela Editora Zahar. |