segunda-feira, 27 de abril de 2015

Em Bento, o inverno chega mais cedo

A neblina lá fora, às seis da manhã
Em pleno outono, me faz lembrar
Que eu estou em Bento Gonçalves
E o inverno não demora a chegar

Carros passam, quase ninguém vê
Milhares levantam da cama cedo
Prepara-se o café, inicia-se o dia
Na cidade do Vale dos Vinhedos

A avó prepara o almoço: polenta
O avô, por sua vez, degusta vinho
Todos reúnem-se na mesa farta
Rezam e compartilham carinho

Imigrantes italianos que partiram
Deixaram a tradição como legado
Que tem educado novas gerações
A cultivar o respeito ao passado

Note-se que são versos sem época
Certos fatos independem da estação
A serra gaúcha é bastante peculiar
O vento é gelado mesmo no verão.

"Bento Gonçalves querida
Bordada de parreirais
Terra estuante de vida
Origem de nossos pais"

(Trecho do hino do município)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O dia da redenção

Foi o dia em que o passado ficou para trás
O presente se tornou motivo de satisfação
Quem tinha pouco, terminou com demais
E quem não tinha nada, ganhou um milhão

Dia em que o ladrão devolveu o que roubou
Todos os povos celebraram a paz universal
O tímido conseguiu chegar lá e se declarou
E optou pelo bem quem havia sido do mal

Nesse dia, os antes tristes estavam sorrindo
O homem de terno cumprimentou o mendigo
Voltaram todos aqueles que tinham partido
E esbanjava serenidade quem corria perigo

No mesmo dia, as religiões se unificaram
Muitos solitários deixaram o seu marasmo
Os mudos foram os que melhor cantaram
E político honesto tornou-se um pleonasmo

O dia da redenção foi uma constante alegria
Nada podia deter o grande senso de justiça
A aguardada segunda chance causou euforia
E realmente sentiu-se uma mudança maciça.

Todos os povos celebraram a paz universal

terça-feira, 14 de abril de 2015

Desentendimento com o entretenimento

A audiência de um reality show me espanta
Afinal, tantas pessoas perdem horas e horas
Cuidando o que desconhecidos irão fazer
Ou na expectativa do próximo a ir embora

Anônimos viram estrelas da noite pro dia
Basta apenas que eles apareçam na telinha
Como se o público inventasse seus heróis
Deixando a grande mídia em maus lençóis

Linguajar e atitudes, por vezes, são vulgares
Os espectadores, todavia, são manipuláveis
O "pão e circo" já foi adotado na Antiga Roma
Entretenimento vazio faz no cérebro um coma

Quem produz um programa de TV é esperto
Sabe que cultura dá menos ibope que burrice
A mente humana é repleta destas esquisitices
Que tornaram o conhecimento um raro objeto.

Câmera já foi exclusividade de segurança.




segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nietzsche está morto

Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um célebre filósofo alemão, autor do famoso e polêmico pensamento: "Deus está morto". Ateu, ele acreditava que as próprias pessoas haviam matado o seu Criador, a partir do contraste entre a idealização de um ser superior repleto de bondade e uma passagem terrena sem a execução do mesmo princípio.

O certo, que foge das dúvidas persistentes da filosofia, é que Nietszsche está morto, ao menos enquanto matéria. Espiritualmente falando, sua valorosa trajetória deixou um legado amplo, fazendo com que o seu nome ainda circule em discussões de cunho intelectual, abrindo espaço à possibilidade de que ele ainda esteja, de outra forma, entre nós.

Friedrich Nietzsche.

Sobre Deus, confrontam-se duas hipóteses que resultam na mesma conclusão: se Ele não existe, não tem como estar morto, já que nunca nasceu; se Ele existe, como ser onisciente, onipresente e onipotente, também não pode morrer, abrangendo o seu reinado universal da substância inicial até após o último suspiro de espécie viva.

Visivelmente, o pensador germânico estava criticando os seus semelhantes, que protagonizam furtos, assassinatos, guerras e outras atrocidades mais, instaurando uma situação caótica que prejudica eles próprios. Mesmo a religião, que deveria prezar pela propagação de mensagens de fé e paz, é uma motivadora de conflitos.

Temos a necessidade de acreditar, ou ao menos supor a existência de um ser superior, porque estamos imersos em uma realidade de difícil aceitação, que se tornaria inviável sem a esperança de uma continuação melhor. Porém, embora pregadoras, as pessoas temem morrer, porque a crença no algo a mais não garante que ele, de fato, exista.

Vida eterna ou grande final? Mistério a ser desvendado.