segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Presente para a alma

Nada acontece duas vezes exatamente igual. Voltar à praça em que se costumava brincar na infância ou reencontrar uma pessoa que marcou por algum tempo e desapareceu são situações que podem causar um relativo impacto, porém incomparável à emoção primeira, que só se pode sentir no momento vivido: o momento presente.

Buscar reviver uma lembrança, em sua plenitude, é em vão, pois sempre faltará um detalhe do que foi importante e ficou na memória. Percebendo a incompatibilidade entre diferentes épocas, que os lugares mudam e as pessoas também, o mais coerente é adaptar-se ao meio atual. No começo pode parecer sem graça, mas ainda assim é menos sofrido que a desilusão.

Não é possível que um grupo de amigos se reúna depois de anos e só tenha memórias em comum. Elas são importantes, mas não são todo o conjunto da obra. Se existe uma força maior que une estas pessoas, elas serão capazes de construírem novas histórias juntas, quem sabe até mais emocionantes do que aquelas que já passaram.

Direcionar as atenções para o tempo presente é um presente para a alma. O que interessa é o que acontece, não o que aconteceu ou o que por ventura acontecerá. Pensando demasiadamente em outras épocas, nossa mente e o nosso corpo ficarão por lá, vagando sem sossego pelo vazio existencial. Para viver, só se for agora.

É tempo de fazer história!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Reféns da escassez

O Brasil possui, no momento, 32 partidos políticos registrados no TSE; são 11 os candidatos à presidência neste ano. Números estes expressivos, que poderiam induzir à sensação natural de que ao menos uma alma ali no meio seria capaz de dar esperança ao povo brasileiro. O que se vê, na verdade, é uma equipe falida que se diferencia somente na sigla que defende provisoriamente.

Nos debates, os candidatos que mais se destacaram foram os autores de "cortaços", alegrando as redes sociais com posteriores montagens e jargões em sua homenagem. Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL), embora pertencentes a partidos de pouca representatividade, chamaram a atenção pela sinceridade na hora de manifestarem a sua opinião.



Eu não tenho nada a ver com isso.
Resposta de Eduardo Jorge a Levy Fidelix (PRTB) no debate do SBT



Linha auxiliar do PT, uma ova!
Resposta de Luciana Genro a Aécio Neves (PSDB) no debate da CNBB


Foram comentários irreverentes, mas ainda representam pouquíssimo para o eleitor mais criterioso. Candidatos ocupam a maior parte do tempo se digladiando em vez de apresentarem propostas concretas, o que ironicamente até dá mais audiência. Assistir a um debate político, atualmente, se tornou uma distração semelhante a ir a um circo ao final do dia: serve apenas para distrair, entreter e o espetáculo é comandado por palhaços.

Um certo homem, na Grécia Antiga, saía pelas ruas, em plena luz do dia, carregando uma lamparina: ele estava à procura de um homem honesto. Este homem, este gênio, era Diógenes. Imaginem o que seria do pobre Diógenes ao procurar a honestidade em meio aos presidenciáveis... certamente ele se cansaria e voltaria ao seu barril, local em que vivia.

Viramos reféns da escassez de qualidade daqueles que deveriam ser os legítimos representantes da população. Acredito que ninguém mais, em sã consciência e inteligência, imagina que qualquer um dos candidatos visa eleger-se para governar pensando nos necessitados. Que eles continuem com promessas pífias e nós continuemos a rir amargamente de todo esse besteirol que agora envolve as eleições.

Traz logo que o povo cansou de ser trouxa!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Há tanta gente

Há tanta gente indo e voltando
Há tanta gente parada no mesmo lugar
Há tanta gente quase se formando
Há tanta gente sem escola para estudar

Há tanta gente contando o dinheiro
Há tanta gente contando os dias de vida
Há tanta gente procurando emprego
Há tanta gente com cargo de chefia

Há tanta gente agradecendo a Deus
Há tanta gente pedindo perdão a Ele
Há tanta gente com os princípios seus
Há tanta gente querendo copiar aquele

Há tanta gente que reflete todo dia
Há tanta gente que não está nem aí
Há tanta gente que conhece a alegria
Há tanta gente que dificilmente sorri

Há tanta gente que lê Paulo Coelho
Há tanta gente que não aprendeu a ler
Há tanta gente que quer dar conselho
Há tanta gente que não quer nem saber

Há tanta gente que quer ser
Há tanta gente que quer ter
Há tanta gente que muito sabe
Há tanta gente que pouco sabe

Há tanta gente...

Há tanta gente que conhece a alegria
Há tanta gente que dificilmente sorri

sábado, 13 de setembro de 2014

A estrangeira

Estrangeira vinda de um lugar qualquer
Hoje eu preciso conhecer o teu jardim
Essa beleza que trazes junto ao peito
É um delírio total para mim, sem fim

Me contaram que és muito solitária
E que tu és repreendida pelos pais
Tua banda preferida não é do Brasil
E que preferes pintar com o azul anil

Me contaram que tu não lês poesia
E que trocas o romance pelo terror
Talvez quem disse seja uma inimiga
Que ainda não percebeu o teu valor

E eu lhe conto: que incrível o efeito
Do vento que antes passou por mim
Associei às conquistas adolescentes
Quando, de repente, pensei em ti

Demonstras em gestos carinhosos
Que, de fria, não tens quase nada
Desejaria se, realmente, fria fosses
Que a minha vida fosse congelada.

Demonstras em gestos carinhosos
Que, de fria, não tens quase nada
Desejaria se, realmente, fria fosses
Que a minha vida fosse congelada

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O defeito em buscar a perfeição

A correria diária nos impõe, inconscientemente, que sejamos muito bons no que estamos destinados a fazer, embora qualquer ser humano tenha algum tipo de limitação. Devemos chegar sempre em ponto, tirar notas altas, ser exemplos de profissionais, manter uma imagem em evidência e assim sucessivamente.

Almejando o projeto de um ser perfeito, naturalmente o homem (e a mulher também) escorrega no meio do caminho, ora não atingindo o tão esperado primeiro lugar, ora arrumando uma discussão no ambiente de trabalho... e qual é o problema nisso? Aparentemente, não são situações dificílimas de se contornar. Não quando não se busca a perfeição.

Tirando o peso das costas e levando as próprias obrigações do dia a dia de uma forma mais leve, percebe-se o quão melhor é ser imperfeito e aceitar-se como tal. Errar é humano e assumir quando se erra é um dever dos dotados de grandes almas, que assumem a sua pequenez sendo eles formados por carne destinada à decomposição.

É, não deu...

Se as pessoas se dessem conta de que a sua própria existência não merece ser levada demasiadamente a sério, visto que a qualquer momento um imprevisto pode acontecer e levar daqui até mesmo famosos, como por exemplo o até então presidenciável Eduardo Campos, possivelmente destinariam mais energia a si mesmas e menos ao estresse diário.

Existe também a opção de buscar, a qualquer custo, ser o funcionário do ano, gabaritar todas as provas, comprar as últimas tendências de moda ou tecnologia e desembolsar um valor absurdo no processo, e ainda assim não chegar à perfeição. Por ora, prefiro tomar partido como um imperfeito resignado do que como um projeto de perfeito frustrado.

"Já perdemos muito tempo
Brincando de perfeição
Esquecemos o que somos:
Simples de coração."

(Engenheiros do Hawaii)

sábado, 6 de setembro de 2014

O poder de uma carta

Uma carta tem o poder de transformar, no mínimo, o dia de quem a recebe e também de quem redige-a. O escritor pode depositar no papel um sentimento que talvez esteja guardado dentro de si durante um longo e sofrido tempo, enquanto que o leitor naturalmente sente-se lisonjeado e único por ser lembrado através de uma demonstração tão singular como esta.

Não é necessário ser um expert na língua vigente para escrever uma boa carta, contanto que se coloque autenticidade nas palavras ali espalhadas. Nem mesmo o felizardo que a recebe tende a ser muito crítico com as questões ortográficas, visto que o simples fato de ler uma carta que foi escrita para si, nos dias de hoje, é mais relevante do que qualquer norma culta.

Algumas palavras são capazes de emocionar.

Com o passar do tempo, a carta foi substituída pelo e-mail, depois mensagens passaram a ser trocadas nos comunicadores instantâneos, surgiu o celular com o SMS e, mais recentemente, estamos na era dos smartphones. Uma grande evolução tecnológica, é inquestionável o fato. Só paira uma dúvida no ar: será que receber uma declaração inesperada através do bate-papo do badalado Facebook é tão emocionante como se a mesma fosse feita por meio da agora esquecida carta? Eu não acredito.

Ler o que outra pessoa escreveu, com sua letra, em determinada folha de papel, com uma cor de caneta que não podemos prever antes de abrir o envelope ou seja lá o que for... toda essa sensação é indescritível! Os saudosistas do Romantismo sabem bem que a rede social tem a sua devida importância, mas que na hora de mexer com os sentimentos de outrem por meio de palavras, a carta ainda dita a moda.

Que tal surpreender alguém até o final do ano?

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Espiritualidade é mais importante do que religião

Crescem os índices de violência, drogas pesadas são consumidas em larga escala e as políticas públicas surtem pouco feito. Precisamos de algo para acreditar, que nos conforte. Pensando nisso, espalham-se por praticamente todos os lugares diversas igrejas, prometendo a cura para os nossos males e a salvação eterna. Ninguém até hoje voltou para contar como é do outro lado.

Auxiliar financeiramente uma instituição religiosa não redime quaisquer pecados de alguém, porém essa é uma grande inverdade na qual boa parte do povo se agarra. Felizes daqueles que estão no comando do lucrativo negócio, com mansões no exterior e uma fortuna na conta. A fé, por sua vez, só requer investimento espiritual, com um tanto de reflexão e meditação.

Podemos ser otimistas, conviver educadamente com as pessoas que nos cercam, encarar a vida com serenidade e saborear as conquistas com gratidão, ainda que não frequentemos qualquer igreja, ou mais: ainda que não sejamos religiosos. A espiritualidade é mais importante do que a religião e transmite paz em sua plenitude, enquanto que muita gente, como nós, morre a cada dia, no Oriente Médio, em nome de um suposto Deus.

Energize-se! Só depende de você!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Apresentação

Sejam todos bem-vindos ao meu blog!


Me chamo Allan Caetano Zanetti, nasci em 10 de fevereiro de 1996, resido em Bento Gonçalves/RS e sou estudante universitário. Interesso-me profundamente pela escrita, desde a infância, aprofundando-me mais recentemente no ramo - e viagem sem volta - da poesia.

Convido os interessados a acompanharem os meus relatos e, é claro, a interagirem quando acharem necessário.

Até breve!

O começo é também um fim
Para alguns o dia só começa
Quando ele está terminando
Pôs-se o sol, eu acordando