segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Vazio existencial

Antes estar morto do que só
Em seguida de nascer o sol
Deveras penoso a quem ama
Tanto espaço em uma cama

Para sofrer, basta ter desejo
Se cegar de luz no lampejo
Imaginar um começo e meio
Sem pensar no fim, ele veio

Inútil culpar a circunstância
Se afogar na sua arrogância
Ou estar ébrio de desilusão
De tanto apanhar o coração

Equilíbrio é a dica do amigo
A um leigo que corre perigo
Que desconhece o buraco
Se acha forte, mas é fraco

Existem teorias fabricadas
Especialmente aos "nadas"
Do vazio existencial, hábito
Mas a autoajuda é um parto

Não deve ter saída mesmo
Viemos ao mundo a esmo
O que eu vejo, um outro vê
Nos fatos dele e no que lê.


"Me sinto só
Mas quem é que nunca se sentiu assim?"

(CPM 22)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Crença vaga

Vamos erguer o nosso templo
E iremos cobrar pela fé alheia
Teremos poder de persuasão
Para que a casa esteja cheia

Discursaremos sobre o além
Inventando histórias absurdas
Pois a dúvida sobre o pós-vida
Irá manter as pessoas mudas

Poderemos realizar exorcismos
Afinal nós fomos santificados
Possuindo um dom incomum
Ignorado em diversos teatros

Multiplicaremos a abrangência
Dominando alguns continentes
Professando uma crença vaga
Que promete curar os doentes

Obteremos enorme influência
Controlando parte da imprensa
E nos infiltraremos no governo
Para que a perda seja imensa.


Poderemos realizar exorcismos
Afinal nós fomos santificados

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Leveza de espírito

Ser criança é:

...acreditar na bondade das pessoas...
...agir com autenticidade e sem medo...
...brincar na praça e perder a hora...
...comer brigadeiro direto da panela...
...deitar e dormir feito uma pedra...
...ir ao cinema para ver uma animação...
...não ter vergonha de amar alguém...
...se entreter com jogos de videogame...
...teimar com uma ideia que confia...
...ter a capacidade de se encantar...

Ser criança é não perder a leveza de espírito junto com os cabelos no passar dos anos.

De "O Pequeno Príncipe" (1943), um enorme sucesso.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Poluição sonora

O funk bagaceiro, o sertanejo para a dor de corno e o pagode meia boca não são o que existe de pior musicalmente. Descobri isso recentemente. Quando os carros de som tomaram as ruas com músicas de campanha dos políticos, até senti falta dos refrões escrachados das músicas que bombam no Brasil e se tornaram parte da cultura local.

Foi um verdadeiro espetáculo circense: um candidato pedia o voto pelo "sim, sim, sim", enquanto que a oposição, em disparada, bradava com "não, não, não". Teve também quem parodiou Queen e até mesmo uma tal de Banda Vingadora. Um outro candidato, por sua vez, me fez perder a esperança de vez tocando a famosa música da Laura Pausini.

Menos mal que na minha cidade, a querida Bento Gonçalves, não tem segundo turno. Ufa, o show acabou! Que os habitantes de municípios com mais de 200 mil eleitores e cujo pleito ainda não foi decidido preparem os seus ouvidos para a descarga sonora que virá pela frente. Na dúvida, optem pelo candidato de música mais agradável, se é que tem.

Dá para entender o elevado número de abstenções.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Alter ego

Sobre meu alter ego: possui insanidade
É tresloucado e apronta quando aparece
Sendo difícil que ele passe despercebido 
Tem bastante gente que já lhe conhece

Eu sou calmo e cauteloso normalmente
Assim, fica nítido que nos diferenciamos
Às vezes, temos confrontos peculiares
E, a cada um deles, mais nos separamos

Ora reina tranquilidade, ora há agitação
Dependendo de qual as rédeas assume
Em um mundo de escolhas antagônicas
Se pode ser bálsamo e também chorume

Ele responde pelos problemas causados
Haja vista que eu não tenho nada a ver
Quando meu alter ego chega, eu sumo
Orando para uma tragédia não ocorrer.


Quando meu alter ego chega, eu sumo