segunda-feira, 29 de junho de 2015

Numerologicamente

A organização toda padece lentamente
Sendo conduzida descontroladamente 
Um velho barbudo, no Texas, sorri
Ele sabe bem no que dará isso aqui

Pactos desfeitos por dinheiro a mais
Fale o seu preço, deve haver algum
Somos condicionados ao voto comum
O outro candidato é estranho demais

Paixões incendiando sem uma pausa
Relacionamentos acabando do nada
Aventureiros estão ficando em casa
Confissões silenciosas na alvorada

12 de fevereiro foi o início do fim
20 de maio é uma história daquelas
9 de julho e cá estamos novamente
Acreditando em datas infelizmente

Aquário, Sagitário, Áries ou Libra?
Editoras lucrando quase sem querer
Se a bola de cristal previsse o futuro
De verdade, você gostaria de saber?

Mudam os meses e as ilusões permanecem as mesmas.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Alfabeto sem formar palavra

Até que ponto vale uma promessa
Que no dia seguinte se desfaz no ar?
Letras voando na direção do vento
Um ou outro que crê no que foi dito
Arrependido, porém, de ter escutado.

O instante do ato é para sempre;
a promessa, frequentemente, não.

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

O retrato de Dorian Gray

Dorian Gray, tu és tão belo, eu sei
Dorian Gray, o teu retrato eu verei
Ainda que ele oculte fatos macabros
Sejam eles sujos ou só incalculados

Tu amas com ardor, és profissional
Conquistas qualquer desventurado
Tua imagem provoca o bem e o mal
Deixas de amar sem achar errado

A filha e a mãe lhe desejam, Dorian
O padre e o cético lhe odeiam, Dorian
Por que tu não envelheces, garoto?
Deixas facilmente o conceito torto

Tu cortejas a filha do teu amigo, Gray
Tu consegues a citada filha, caro Gray
Penso não haver limite para a loucura
Vivendo do prazer e da plena fartura

Enquanto aumentas o círculo social
O teu inimigo chora ensanguentado
Bem sei que não imaginas um final
Mas és morto, quadro mal-acabado.


Tua imagem provoca o bem e o mal


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Uma era que já era

Ei, história inacabada, não venha ocupar meu tempo
Que hoje eu não estou para meias palavras e gestos
Rascunhos de felicidade, agora, não me completam
Esqueça o marujo que lhe declarou sendo honesto

Poderia esperar uma eternidade por um sinal teu
Nada acharia além de um afastamento crescente
Tu acompanhas de camarote o sofrimento alheio
Imagino que concordes com gente pisando gente

Se alguém obtém algo com facilidade, despreza
Se alguém obtém algo com dificuldade, preza
É por isso que tu estás em Netuno e eu na Terra
E é por isso que, assumidamente, lhe quis à beça

Só que não sonho mais contigo como outrora
Nem penso na possibilidade de me reapaixonar
Eu amadureci, é verdade, não se vive de saudade
Me dediquei por inteiro e descarto a tua metade

Excluo o teu contato e é para que tu percebas
Vais perder tudo, lidaste com a situação errada
Mal sabes o que fazes, és dispersa no caminho
Se a tua realidade é ventania, virará redemoinho

Quem acha que comanda, pode se equivocar
Mesmo tendo um imenso séquito de devotos
Bom saber que o questionamento é permitido
Havendo repressão, teu império seria mantido.

Quem acha que comanda, pode se equivocar
Mesmo tendo um imenso séquito de devotos

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A fotografia que seduz

Não sou poeta quando trato com fotos. O poeta é essencialmente romântico, do tipo que aprecia o retrato, se deleita, até chegar ao ponto de enjoar-se e queimar a fotografia sem dó. Eu aprecio, aprecio e aprecio mais um pouco! Vamos combinar: há imagens que merecem uma moldura compatível à beleza demonstrada.

Perco a noção de espaço, mas não perco a foto de quem eu gosto. A quem irei recorrer quando precisar de algo a mais? Não desmereço de modo algum a reza, afinal ela parece fazer milagres às vezes, mas um belo rosto detalhadamente trabalhado estimula e absorve para si aquilo que sentimos. É esplêndido!

Guardo carinhosamente um álbum de tudo o que me faz bem, é assim que não caio. Quando a insensatez do mundo exterior me ferre, recorro às lembranças inesquecíveis de pessoas e momentos únicos, que existem independentemente do tempo que for. Que não venham me dizer que vivo de passado, pois a recordação é uniforme!

Se os nossos olhos tirassem fotografias, seríamos protagonistas de sublimes manifestações artísticas que até aqui só cabem à nossa memória. Serei sincero: podemos compartilhar, por meio de palavras, com qualquer pessoa, a singularidade de determinado momento, porém elas nunca sentirão o que sentimos no ato. Uma imagem fala, e falaria, mais alto.

"As fotos são uma maneira que o ser humano viu
Para atenuar a dor ocasionada pela saudade
De momentos que nunca voltarão."