segunda-feira, 30 de maio de 2016

Pão & Poesia

A postagem desta semana dedica-se a divulgar o concurso Pão & Poesia 2017, organizado pela Fundação Cultural de Blumenau/SC. As obras selecionadas serão publicadas em embalagens de pão distribuídas no estado de Santa Catarina durante o primeiro semestre de 2017, em uma proposta altamente inovadora.

As poesias podem ser enviadas até o dia 29 de junho de 2016 ao correio eletrônico gerenciaeditora@fcblu.com.br. Membros do Conselho Editorial da Fundação Cultural de Blumenau analisarão e selecionarão os trabalhos para publicação. Nesta página, está disponível o edital do concurso para download, com informações pertinentes.

A criatividade serve de alicerce à literatura!

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Tatuado com açoite

Passam os carros, passam os anos
Uma mesma vida com outros planos
Crescimento alheio às megalópoles
Impaciente com as conversas moles

Mesma rua da infância sem crianças
Não há brinquedos, novas andanças
Habitante do arquipélago da lacuna
Que nos jornais não renderia coluna

O pessimismo é fruto da observação
Fecham-se os olhos, cai outra noite
Continua sendo perdoável ter razão
Ainda que esteja tatuado com açoite

Supera e se recolhe à sua caverna
Existe tranquilidade mesmo sazonal
Não alimenta crença na vida eterna
Otimismo deveras querer ser imortal.

Otimismo deveras querer ser imortal



segunda-feira, 16 de maio de 2016

Precisamos Dele

Há tanta violência, intolerância e preconceito no mundo mesmo ele sendo ocupado predominantemente por pessoas que acreditam em Deus. Creem na remissão dos seus pecados e na salvação eterna que se apresentaria indistintamente aos filhos Dele, podendo se fazer necessário um sacrifício proporcional às faltas de cada ser humano.

Se um mundo que crê em Deus, o expoente máximo de bondade, é truculento, imaginem o que seria um mundo descrente! Se conseguissem provar a inexistência de qualquer divindade, o desamparo da humanidade com a ideia de não ter nada a perder seria tanto que presenciaríamos uma balbúrdia generalizada sem prazo para acabar.

Precisamos de Deus à medida que os nossos problemas às vezes parecem não ter fim e assistimos à maldade acontecer por todos os cantos, confiando as nossas preces a um ser superior que se contrapõe a nós, limitados. Imensamente pequenos, pediríamos proteção a quem nas ocasiões dificultosas se Ele não existisse?

Percebendo a fragilidade das pessoas em sua insegurança existencial, aproveitadores de plantão erguem templos religiosos prometendo um lugar no céu em troca da extorsão das suas pobres vítimas. Estes são vigaristas da pior espécie, que profanam o sagrado e mereceriam uma punição em pós-vida. Talvez não tenha nada depois.

Teimamos em acreditar que ainda teremos paz.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

No mesmo lugar

M: Oi, Carlos, meu grande amigo! Tudo bem por aí? Faz tempo que não nos falamos.

C: Tudo certo, Marcela, como sempre. E por aí, como está a viagem?

M: Está boa. Após visitar França e Reino Unido, fiquei um bom tempo na Austrália. Agora, estou conhecendo as belezas da Nova Zelândia.

C: Fico feliz por ti, Marcela. Imagino que esteja aproveitando bastante e se realizando pessoalmente.

M: Não posso negar que está sendo uma bela experiência, mas ela me possibilitou também uma reflexão que me deixou aflita.

C: Mas que reflexão foi essa?

M: Que, por mais longe que eu tenha chegado, ainda não encontrei a minha paz. Conheci lugares fantásticos, pessoas fascinantes, mas não saciei a minha vontade pelo algo a mais, sabe?

C: Sei... sei.

M: Pensava que, ao desbravar territórios até então desconhecidos por mim, iria conhecer alguém que me fizesse ficar. 

C: Ah, é normal a situação.

M: Só isso, Carlos? Você não está nem um pouco sensibilizado com a minha eterna busca que não se concretiza?

C: Na verdade não, Marcela.

M: Por que essa frieza, de uma hora pra outra?

C: Porque eu sempre estive aqui e continuo no mesmo lugar.

Ela viajou o mundo todo e não encontrou o amor.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Cabeças robotizadas

Errei a jornada e parei no morro
Mas qual seria o caminho certo?
Frequentando os mesmos locais
Desconhecendo o real de perto

Selva de pedra, tu és selvagem
Dás alimento aos gananciosos
Quem lhe conhece, quer fugir
A cachoeiras e tempos ociosos

A engrenagem tem sustentação
Que depende da conformidade
É sabido que indagar desagrada
As pretensões da alta entidade

Todas as cabeças robotizadas
Podem, pasmem, perder lugar
Para os robôs, estas criações
Que na teoria não irão pensar

Trocando seis por meia dúzia
O poder central vê vantagem
Porque o criticismo ausente
Irá perpetuar a sua linhagem.


Você é bom o bastante para ser melhor que um robô?