segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A cada bomba que explode

Mais um ano está chegando ao fim e, sendo realista, percebi, neste, a violência aumentar em grande escala nas diversas proporções geográficas: municipal, regional, estadual, nacional e mundial. Não gostaria de demonstrar pessimismo, mas horríveis notícias sinalizam um próximo ano marcado por terror também e até mesmo uma Terceira Guerra Mundial tornou-se plausível.

A cada bomba que explode, no Oriente ou no Ocidente, na Síria ou na França, a minha esperança na humanidade se esvai. O quão humanos somos à medida que estamos separados por raças, culturas e religiões? Habitamos o mesmo planeta, mas a impressão que fica após um grande atentado é que a convivência pacífica por aqui se tornou inviável.

Se, por vezes, é tão complicado dividir o mesmo espaço com alguém parecido conosco, certamente fazê-lo com quem é bastante diferente exige um esforço redobrado, um exercício de tolerância. E é justamente a falta de tolerância que tem assombrado os nossos dias de glória, as nossas melhores almas e os pensamentos de luz, motivando os conflitos.

Ninguém é igual a ninguém, mas somos todos tripulantes de uma mesma nave, a Terra, sendo este um motivo mais do que suficiente para, no mínimo, não nos intrometermos na vida de quem não se parece conosco e não compartilha das mesmas opiniões. Quem faz o mal em nome de um ser superior, na realidade, evidencia a sua percepção anã do mundo.


Dizem que a paz acabou, mas ela sequer começou.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Este terno

Vê se você muda
Eu tô falando sério
Ler Pablo Neruda
É cheio de mistério

Vento de regresso
Vidas a conflitar
Outra gambiarra
Não irá me chocar

Uh... tira logo este terno

Você nunca avisa
É frio e impontual
Vejo no seu punho
Uma atração fatal

Estufa bem o peito
Antes da mancada
Ao menos você ri
Na hora marcada

Uh... eu já tirei este terno.

De terno, fica bem, mas melhor sem.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Instinto revolucionário

É tempo de encarar a realidade
E fazer tudo o que der vontade
Optando por agir com virtude
Frequentemente você se ilude

Supondo que sejamos errantes
É sábio não repetir os de antes
As trevas podem virar uma luz
Entendendo o que nos conduz

Outrora caça, agora caçador
Demonstrando que tem valor
Sem alimentar expectativas
Enxergando as alternativas

O aprendiz brinca de mestre
Pisando firme o solo terrestre
Cansou da só contemplação
Absorveu para si a revolução

É hora de alteração: vamos lá!
Estava muito tedioso para cá
Tocou-se o sino com rebeldia
Encerrando a fria monotonia

Reconheça os seus instintos
Venha aqui, sejamos amigos
Temos uma lei: a desordem
Moralistas que se acordem!

É hora de alteração: vamos lá!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A dor acaba

Quando faz calor, modifica o seu jeito
Sempre diz "não" disfarçando o "sim"
O que irão dizer destes fatos isolados
Se agora uso bermuda e não uso jeans?
(Oh, não... não mais)

Será que haverá o paraíso algum dia?
Está tão ruim ajuntar trocados na rua
(Estou caído, caído no chão)

Já perdi o sono umas quantas vezes
Por pensar demais sem pensar direito
Sei que você sabe que estou sofrendo
Ficar muito bem não seria perfeito?

Uma tarde de sol, porém sem praia
Queremos lembrar do que não temos
Poderia ser apenas falta de sabedoria
Mas o que nos restou foi muito menos

A dor mata, a dor castiga
Quem já se sentiu assim
A dor corrói por dentro
E lhe destroça por fim

A dor se vai, a dor volta
Até o adeus derradeiro
A dor conhecemos bem
Nada é tão verdadeiro.


Que o final venha como uma libertação.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Jardim sem flores

As mulheres perderam a coragem de sair na rua, e a rua, consequentemente, perdeu beleza. Elas temem olhares maldosos, comentários vulgares e investidas violentas que tornaram-se um hábito vergonhoso de nossa sociedade, que oprime e jura não oprimir. O homem vem subtraindo gradualmente a sua humanidade e será o responsável pela extinção dela.

A cegueira que mais me preocupa é a de quem não quer enxergar. A causa feminina é nobre e espero que não seja preciso que um troglodita qualquer passe pela situação de uma irmã ou filha sua, por exemplo, sendo abusada, para se dar conta de que a mulher merece respeito. Não se trata só de uma disputa, mas de uma súplica por igualdade.

Os assediadores são incapazes de se colocar no lugar das assediadas e acreditam que agir desta forma confere a eles uma superioridade, a prevalência do gênero mais forte sobre o mais fraco. Na verdade, eles são uma aberração mascarada de sexo masculino, uma anomalia de uma organização devastada, um aborto da natureza.

Não é necessário ser muito inteligente para perceber que nenhuma mulher que se valoriza o mínimo possível pretende ser abordada de uma forma desrespeitosa por um desconhecido qualquer. Mesmo assim, o desqualificado chega nela de uma forma desprezível, fazendo com que ela sinta nojo de sua atitude. Será que quem age assim gosta mesmo de mulher?


As mulheres temem. A espécie humana assusta.