segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

É só o fim (do ano)

Que tal um papo sério?
De acordo com a OMS, 
há mais casos de suicídios
que de homicídios no mundo.

Quem é o assassino perigoso?
Não encare-o no seu espelho!
Ele pode se sentir tentado a
atacá-lo sem dó ou piedade.

Fim do ano ou fim de tudo?
Ah, estou certo que é o fim,
contudo ficarei sob controle
e descartarei só o calendário.

"Você implora por proteção
Não sabe como vai acabar"

(Camisa de Vênus)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Filosofia do contemporâneo

Os professores e pensadores contemporâneos Luiz Felipe Pondé, Mario Sergio Cortella e Leandro Karnal — este último historiador — caíram nas graças do público brasileiro ao trazerem a reflexão de assuntos pertinentes para além da sala de aula e possuem milhares de seguidores nas redes sociais interessados na filosofia acessível que eles produzem.

Se antes filosofar era considerado um privilégio para poucos indivíduos de conhecimento singular, com a disseminação de informação facilitada pelas redes sociais e a boa vontade dos intelectuais já mencionados a arte de pensar deixou de ser um bicho de sete cabeças. Até temas corriqueiros podem estar recebendo uma interpretação filosófica.

Um dos bons livros que li neste ano foi "Filosofia para Corajosos", do Pondé. Nele, o autor aborda temas como religião, política, economia e comportamento humano de forma crítica e propriamente sarcástica, traçando paralelos com clássicos da filosofia. O maior objetivo do livro é estimular indagações e fazer com que pensemos por nós mesmos. 

Não posso disfarçar a minha satisfação, principalmente, com a constatação de que tem inúmeros nativos digitais interessados nas sábias palavras dos "coroas pops". Como contraponto à correria do cotidiano e ao alvoroço do mundo virtual, nada mais útil que um tanto de reflexão. Parem as máquinas e acendam as luzes do pensamento! 

Um dos livros mais vendidos do Brasil em 2016.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Tudo o que eu faço

Sim, eu faço absurdos
Tomo banho no escuro
Jogo tabuleiro sozinho
Pra poder te conquistar

Danço tango de tanga
Invento um outro hino
Me despeço do mundo
Pra tentar me declarar

Flerto com o abismo
Faço perfil sem foto
Sou ateu na catedral
Pra você se lembrar

Viajo até Bangladesh
Vou de pijama à rua
Salto de parapente
Pra você se tocar

Aprendo mandarim
Saio na madrugada
Escrevo cem cartas
Pra esse fogo cessar

Gosto de beterraba
Encanto a serpente
Uso terno e gravata
Pra esse lance rolar.


"Não há tempo ruim para quem se dedica ao amor."

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Foi pelos ares

O time de Chapecó encantava
Estava numa final continental
Tinha o apoio de toda a pátria
Parecia além do bem e do mal

Até seu avião cair na Colômbia
Chocando ao redor do mundo
Com dezenas de vítimas fatais
Trazendo um sofrimento mudo

Ninguém espera uma tragédia
É muito difícil de lidar com ela
Mesmo que existam explicações
Nossa vida não é mais tão bela

Que tristeza, ó Chapecoense
Tu és querida aqui na nação
Se fizeste chorar de felicidade
Foi nada perto dessa comoção

O fim de novembro foi o final
Para aqueles índios guerreiros
Que serão recordados sempre
Entre os torcedores brasileiros.


Força à Chape para se recuperar da catástrofe.



segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fato novo

Cada verso é um fato novo:
Quebra a rotina e encanta;
Às vezes, os males suplanta
E confere confiança ao povo.
Este, devidamente ajuizado,
Se alegra por ser alfabetizado.


Caneta, papel em branco e um mundo de surpresas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Bandeira vermelha

A bandeira vermelha desbotou
Representando ela a vergonha
De um grupo que saiu do poder
E perdeu a força de barganha

O sapo barbudo está velhinho
Fugindo de variadas acusações
Seria, mesmo assim, inocente?
Antes crer em fadas e dragões

A famosa estrela já não brilha
O céu é nebuloso para alguns
Como ao filho mais importante
Da Microrregião de Garanhuns

Nosso país está a se endireitar
Em uma tentativa de melhora
Rejeitando o pessoal canhoto
Para voltar a enxergar aurora

Mas tudo passa, tudo passará
Não é, meu caro Nelson Ned?
Aguardemos os dias futuros
De sonhar, nada nos impede.


O sapo barbudo está velhinho
Fugindo de variadas acusações

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Revista Avessa nº 12

A Avessa é uma revista de jornalismo literário editada no Rio de Janeiro/RJ e publicada em plataforma digital que tem como maior objetivo divulgar material de novos escritores. Dedica-se também a realizar entrevistas com autores renomados para recolher opiniões sobre o mercado editorial e a produzir resenhas críticas sobre obras literárias.

Para a minha honra, a poesia de minha autoria "Desconectado", que trata da sensação de inexistência de alguém que está ausente do mundo virtual, foi inclusa na edição de número 12 da revista, correspondente aos meses de novembro e dezembro de 2016. Contraditoriamente, a participação na Avessa só foi possível graças à conexão.

Clique para ler a Revista Avessa nº 12

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Deu zebra

A expressão "deu zebra" surgiu com o popular jogo do bicho para representar um acontecimento imprevisto à medida que o jogo contava com 25 exemplares de animais e, entre eles, não estava a zebra. Foi rapidamente incorporada à esfera esportiva e, consequentemente, passou a ser largamente repetida pelo público.

Por mais negativa que a expressão possa soar, às vezes é bem interessante que dê uma zebra. No futebol, não é raro que a equipe mais fraca seja apoiada pela maioria dos espectadores neutros, ou seja, que não torcem para nenhum dos dois times envolvidos. O triunfo de um time meia boca sobre um adversário milionário é um grande êxtase.

O que produz tal êxtase é o fascínio que boa parte de nós tem pela imprevisibilidade. Não tenho dúvida de que, por exemplo, a Copa do Brasil de 2004 chamou muito mais atenção por ter o pequeno Santo André-SP vencendo o Flamengo na final do que chamaria se ocorresse o óbvio, uma vitória flamenguista. Deu zebra, foi isso.

Pode ser que estejamos nos equivocando quando qualquer coisa ocorre fora do planejado no nosso cotidiano e perdemos a cabeça. As nossas relações não precisam ser pautadas por uma estática previsibilidade em um roteiro com papéis predefinidos. Que as inevitáveis zebras iluminem o nosso pensamento e nos façam rever velhos conceitos.

A simpática zebrinha da Loteria Esportiva.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Vazio existencial

Antes estar morto do que só
Em seguida de nascer o sol
Deveras penoso a quem ama
Tanto espaço em uma cama

Para sofrer, basta ter desejo
Se cegar de luz no lampejo
Imaginar um começo e meio
Sem pensar no fim, ele veio

Inútil culpar a circunstância
Se afogar na sua arrogância
Ou estar ébrio de desilusão
De tanto apanhar o coração

Equilíbrio é a dica do amigo
A um leigo que corre perigo
Que desconhece o buraco
Se acha forte, mas é fraco

Existem teorias fabricadas
Especialmente aos "nadas"
Do vazio existencial, hábito
Mas a autoajuda é um parto

Não deve ter saída mesmo
Viemos ao mundo a esmo
O que eu vejo, um outro vê
Nos fatos dele e no que lê.


"Me sinto só
Mas quem é que nunca se sentiu assim?"

(CPM 22)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Crença vaga

Vamos erguer o nosso templo
E iremos cobrar pela fé alheia
Teremos poder de persuasão
Para que a casa esteja cheia

Discursaremos sobre o além
Inventando histórias absurdas
Pois a dúvida sobre o pós-vida
Irá manter as pessoas mudas

Poderemos realizar exorcismos
Afinal nós fomos santificados
Possuindo um dom incomum
Ignorado em diversos teatros

Multiplicaremos a abrangência
Dominando alguns continentes
Professando uma crença vaga
Que promete curar os doentes

Obteremos enorme influência
Controlando parte da imprensa
E nos infiltraremos no governo
Para que a perda seja imensa.


Poderemos realizar exorcismos
Afinal nós fomos santificados

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Leveza de espírito

Ser criança é:

...acreditar na bondade das pessoas...
...agir com autenticidade e sem medo...
...brincar na praça e perder a hora...
...comer brigadeiro direto da panela...
...deitar e dormir feito uma pedra...
...ir ao cinema para ver uma animação...
...não ter vergonha de amar alguém...
...se entreter com jogos de videogame...
...teimar com uma ideia que confia...
...ter a capacidade de se encantar...

Ser criança é não perder a leveza de espírito junto com os cabelos no passar dos anos.

De "O Pequeno Príncipe" (1943), um enorme sucesso.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Poluição sonora

O funk bagaceiro, o sertanejo para a dor de corno e o pagode meia boca não são o que existe de pior musicalmente. Descobri isso recentemente. Quando os carros de som tomaram as ruas com músicas de campanha dos políticos, até senti falta dos refrões escrachados das músicas que bombam no Brasil e se tornaram parte da cultura local.

Foi um verdadeiro espetáculo circense: um candidato pedia o voto pelo "sim, sim, sim", enquanto que a oposição, em disparada, bradava com "não, não, não". Teve também quem parodiou Queen e até mesmo uma tal de Banda Vingadora. Um outro candidato, por sua vez, me fez perder a esperança de vez tocando a famosa música da Laura Pausini.

Menos mal que na minha cidade, a querida Bento Gonçalves, não tem segundo turno. Ufa, o show acabou! Que os habitantes de municípios com mais de 200 mil eleitores e cujo pleito ainda não foi decidido preparem os seus ouvidos para a descarga sonora que virá pela frente. Na dúvida, optem pelo candidato de música mais agradável, se é que tem.

Dá para entender o elevado número de abstenções.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Alter ego

Sobre meu alter ego: possui insanidade
É tresloucado e apronta quando aparece
Sendo difícil que ele passe despercebido 
Tem bastante gente que já lhe conhece

Eu sou calmo e cauteloso normalmente
Assim, fica nítido que nos diferenciamos
Às vezes, temos confrontos peculiares
E, a cada um deles, mais nos separamos

Ora reina tranquilidade, ora há agitação
Dependendo de qual as rédeas assume
Em um mundo de escolhas antagônicas
Se pode ser bálsamo e também chorume

Ele responde pelos problemas causados
Haja vista que eu não tenho nada a ver
Quando meu alter ego chega, eu sumo
Orando para uma tragédia não ocorrer.


Quando meu alter ego chega, eu sumo



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

E-lton e E-stela

Elton é um tanto quanto introvertido
Gosta de rock alternativo e de leitura
Sonha em comandar uma aeronave
Para poder voar longe da mesmice

Estela é vista como um bom partido
Está longe de ser uma garota burra
Não deve existir nada que lhe trave
Quando quer demonstrar faceirice

Começaram a dialogar e gostaram
Um fazia parte do dia a dia do outro
Trocavam informações relevantes
E até apareceram planos comuns

Diante de tudo o que eles falavam
Parecia nascer um casal de ouro
Com raros exemplos semelhantes
Porque possuía virtudes incomuns

Só que o contato foi apenas virtual
Para o desespero dos envolvidos
Que não conseguiram tornar real
Um sentimento de dois escolhidos.


Tu já tiveste um amor virtual?

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Que revolução foi essa?

O dia 20 de setembro é especial para o povo gaúcho, afinal marca o início da Revolução Farroupilha (20/09/1835 - 01/03/1845), a mais importante revolta ocorrida em solo rio-grandense em todos os tempos. Muitos comemoram a data, porém desconhecem informações que poderiam colocar em xeque o suposto caráter revolucionário do processo.

Para começo de história, a Guerra dos Farrapos foi liderada por grandes proprietários de terras que estavam descontentes com o tratamento do Império e lutavam pela manutenção do seu poder. Completamente oposta foi a Balaiada, no Maranhão, por exemplo, que aconteceu na mesma época e se tratava de um movimento verdadeiramente popular, encabeçado pelas massas.

Se evita noticiar, também, que a República Rio-Grandense vivenciou, por aproximadamente dez anos, execuções sumárias, sequestros, apropriações de bens alheios, desvios de dinheiro e estupros. A escravidão, por sua vez, era encorajada: o líder farroupilha Bento Gonçalves, ao morrer, deixou dezenas de escravos aos seus herdeiros. Tu tens orgulho disso?

Acredito que a maior parte dos gaúchos venere a Revolução Farroupilha por considerá-la uma tentativa, ainda que sem sucesso, de separação do estado do restante do país. Não estudou ou pesquisou acerca de pormenores do que ocorreu. Grandes revolucionários costumam despertar admiração na posteridade e é justamente por isso que não admiro os farroupilhas.


O orgulho gaúcho não deve estar atrelado à Guerra dos Farrapos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Criatividade infantil

O ano era 1938 e o matemático Edward Kasner estava em busca de uma palavra que representasse um número muito extenso: dez elevado à centésima potência. Resolveu pedir uma sugestão ao seu sobrinho Milton Sirotta, então com 9 anos, que disse "googol". Edward surpreendeu-se com a sonoridade da palavra e publicou o termo, que não demorou a tornar-se conhecido entre os matemáticos.

Avançando no tempo, em 1997, dois jovens da Universidade Stanford pensavam em um nome para o revolucionário sistema de buscas inventado por eles. Todas as palavras sugeridas já estavam registradas, até que um lembrou do termo googol. O outro, ao transcrevê-lo para o computador, errou na grafia e colocou "google", que estava disponível. O mundo todo conhece esse nome hoje.

Fiquemos atentos ao que as crianças falam.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Resguardo da pátria

Faz 15 anos que ele foi à guerra
E, desde então, não mais voltou
Sua mulher continua no casebre
Recordando tudo o que passou

Tantos planos estão esfacelados
Em nome do resguardo da pátria
Contudo, a bandeira bem tremula
Representada por militar ou pária

O governante motiva o confronto
Pois não terá de pegar em armas
Vê o desenlace pelos bastidores
Enquanto famílias são ceifadas

Não há real vencedor na batalha
Muitos entregam seu maior bem
Tratando com artilharia pesada
Fatalmente se dizima alguém

Histórias ricas resultando em pó
De corajosos que agora jazem
Um pranto que retumba no ar
É o dos que ficam à margem

A mulher ainda está esperando
Já que ele prometeu o retorno
Em uma promessa incumprível
Do soldado morto em Livorno.


Tratando com artilharia pesada
Fatalmente se dizima alguém

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Suposta preocupação

A vizinhança adora fazer fuxico
Fala com prazer da vida alheia
Se não tem história, inventa ela
De futilidade tem a cabeça cheia

Alguém perto comprou um carro
Então é impossível não comentar
Serve de alimento para a cobiça
Vira assunto no almoço e jantar

O vizinho gosta de outro homem
Que escândalo à família "de bem"
Ninguém conhece aquele sujeito
Entretanto julgam mal ele também

Grande entretenimento é fofocar
Para quem mediocremente existe
Olhando de camarote o restante
Sem ver a sua ignorância triste.


A fofoca é comum e, a princípio, parece inofensiva.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cancha de cimento

Foi numa cancha (local destinado à pratica esportiva) de cimento que, na infância, muito aprendi sobre companheirismo, superação de obstáculos e o valor da simplicidade. Eu e meus amigos nos reuníamos quase que diariamente, sob a tutela do meu pai, para jogar bola (futsal?) em uma quadra de uma pracinha que costumava receber um bom número de crianças.

A gurizada tinha a sua qualidade, até por se dedicar com afinco ao jogo, porém vamos combinar que o local não era dos melhores para fazer rolar a bola: além do piso ser de cimento, não era exatamente liso, rendendo severos machucados a quem caísse. Sem contar que as marcações da quadra eram imperceptíveis e as goleiras sequer possuíam rede.

Em meio a esse cenário obscuro, mesmo assim a gurizada se divertia à beça. Inevitavelmente alguém pagava o pato e se esfolava naquele chão rachado, mas, em uma demonstração e tanto de bravura, logo de recompunha e retornava para a peleja. Sem dúvida, éramos crianças com brios, pelo menos lá no momento do jogo, em que nada mais importava.

Aquela cancha deixou uma mensagem bastante clara: vale a pena lutar pelo que se acredita, ainda que a princípio pareça uma ideia insana. Seria mais fácil jogar futsal em um salão, assim como se apresentam diariamente opções cômodas para que lancemos mão de desafios maiores e mais dignificadores. Se acostume com a cancha de cimento que será moleza jogar em qualquer piso.

Imagem meramente ilustrativa. A cancha era bem pior.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Poesia na imprensa

Na última quarta-feira (10/08/2016), uma matéria do Jornal Semanário, de Bento Gonçalves/RS, tratou sobre a minha participação exitosa no XXIV Concurso Literário de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista/SP. 

Foram centenas de inscritos de todos os estados brasileiros, bem como de alguns países do exterior. A poesia de minha autoria "Além da situação e da oposição" foi um dos trinta trabalhos selecionados e integrará uma antologia.

A poesia, gerada em um momento de profunda crise política no país, foi publicada aqui no blog no início de abril deste ano. O ato de escrever deixa de ser solitário à medida que as palavras chegam a outras pessoas, muitas desconhecidas.

Não escrevo para viver, mas vivo para escrever.

Matéria completa no site do Semanário

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Desconectado

Disse que fui a uma festa no sábado
E apenas de manhã o agito terminou
Só que ninguém acreditou em mim
Pois nas redes sociais nada constou

Tem que estar registrada a presença
Por meio de uma foto para ela valer?
Preciso informar que estou no lugar
Para a turma toda finalmente crer?

Ando desconectado da vida virtual
E andando bastante pelas calçadas
Aí há quem diga que estou sumido
Porque não tenho palavras tecladas

Vai ver o real não vale tanto assim
À medida que fica nesta dimensão
Se tornou mais importante aparecer
Do que curtir o momento em questão

Tudo bem, permanecerei em offline
Encontrando uma razão fora do digital
Faço jura de pés juntos que eu existo
Com um sinal de fumaça ao pessoal.


Seria essa a sua expressão quando não está conectado?

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Oportunidades perdidas

Criado em janeiro de 1994 por estudantes da norte-americana Universidade Stanford, o Yahoo! iniciou catalogando endereços da internet e rapidamente se tornou uma empresa bem-sucedida. Em abril de 1996, começou a vender ações na Bolsa estando avaliado no mercado em 848 milhões de dólares.

O Yahoo!, porém, deixou de se apoderar de dois dos maiores negócios dos tempos atuais. Em 1997, os fundadores do Google ofereceram à companhia o seu projeto de ferramenta de buscas por 1 milhão de dólares, mas foram recusados. Hoje, o valor de mercado do Google ultrapassa os US$ 500 bilhões.

Como se não fosse o bastante, o Yahoo! ainda deixou de adquirir o Facebook. Mark Zuckerberg, pressionado por investidores, combinou que venderia a rede social com uma oferta de 1 bilhão de dólares. O então presidente-executivo do Yahoo!, Terry Semel, ofereceu US$ 850 milhões. Zuckerberg vibrou.

Recentemente, o Yahoo! foi comprado pela Verizon, operadora de telecomunicações estadunidense, por 4,83 bilhões de dólares. Não há dúvida de que a empresa será lembrada como uma das mais importantes da era digital, entretanto poderia ter trilhado um caminho mais exitoso se tivesse aproveitado as oportunidades.

Terry Semel perdeu a chance de adquirir o Facebook.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Olimpíadas da decadência

Na modalidade da violência
O Brasil conquistou o ouro
Com famílias desesperadas
Acerca do tempo vindouro

Se tratando de desigualdade
No pódio também tem lugar
Uns têm muito, outros nada
E pouco adianta se queixar

Pro preconceito há medalha
De cor que dá para escolher
É mais fácil apontar defeito
Que outro humano acolher

Mas a solução é o jeitinho
Popular na nossa cultura
Mascarando o que ocorre
Dentro da realidade dura

Que comecem os Jogos
É época de comemoração
Palmas para a decadência
Que assola a nossa nação.


Se tratando de desigualdade
No pódio também tem lugar

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Momento de glória

Deve haver um instante inesquecível
Que recompense toda a sua trajetória
Discorra sobre quando o impossível
Sucumbiu ao seu momento de glória

É quando a vida lhe olha nos olhos, sorri
E você, sem ponderar, beija a boca dela
O necessário para a felicidade está ali
Com o céu colorido ao estilo aquarela

Nada melhor que cumprir o seu dever
Em uma atividade feita sem obrigação
Saboreando o doce gosto de vencer

Uma alma entregue verdadeiramente
É premiada ao desfrutar de emoção
Que será rememorada eternamente.


Relembre e comemore o seu momento glorioso!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Poucos quilômetros por hora

Eu sempre gostei de caminhar de noite, principalmente quando tem um vento leve a tocar o corpo. Nada de sol batendo no rosto ou uma multidão desesperada para chegar a um ponto, mas o frescor na ausência de luminosidade e a natural tranquilidade. O problema é que não moro mais em uma cidade pacata e querem me furtar até esse pequeno prazer.

Caminhar à noite é uma tarefa arriscada quando se mora em um município com altos índices de violência. Existe a chance de ser pego sozinho e acontecer o pior enquanto um enorme contingente de carros passa alheio a isso. Você é o excluído em um lugar decadente e ao mesmo tempo alguém de coragem por estar colocando a sua vida em xeque.

De qualquer forma, na segunda-feira anterior a essa, felizmente realizei a minha marcha noturna. Era uma noite de clima ameno, nem quente e nem frio, ideal para dar uma volta. Acabou sendo um percurso sereno apesar de eu ter que estar com o sinal de alerta ligado continuamente, tomando cuidado com o monstro humano no pesadelo da vida real.

Após cerca de uma hora de a pé, ainda faltava superar o grande morro para chegar em casa. Sorte que sou jovem, aí é possível encarar um caminho íngreme desses com uma certa resistência. Por pior que esteja a situação, sempre tem um lado bom. Suplantei toda a adversidade e percebi que dá para sentir adrenalina a poucos quilômetros por hora.


Sozinho, porém bem acompanhado pela noite.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Sobre a admiração

Você conhece alguém bacana
Que em outro município reside
Acha aquela presença incrível
Mas a localização não coincide

Então troca ideia com a pessoa
Por tempo suficiente a admirá-la
Porque é quase desconhecida
E você não tem por que criticá-la

Valorizam o momento partilhado
Até cada um seguir sua direção
E com certeza você irá recordar
Aquela companheira de ocasião

Assim declarou Millôr Fernandes
À principal revista que a Abril tem
Como são admiráveis as pessoas
Que nós não conhecemos bem.


É maravilhoso conhecer gente nova.
---
100ª postagem. Obrigado a todos que me acompanham!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Jamais será presidente

Jair Messias Bolsonaro, atualmente filiado ao Partido Social Cristão (PSC), foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2014, tem mais de 3 milhões de curtidas em sua página no Facebook e conta com uma legião de militantes espalhados pelo país.

Normalmente envolvido em polêmicas devido às suas opiniões fortes sobre temas como orientação sexual, violência contra a mulher e posse de armas de fogo, o pré-candidato a presidente conta com a ampla defesa dos seus seguidores, que o apontam como uma salvação em 2018.

Porém, afirmo que Bolsonaro jamais será eleito presidente do Brasil e aponto três motivos: assim como muitos lhe veneram, outros tantos lhe detestam; ele abusa da sinceridade em algumas declarações que chega a ser ingênuo e, devido ao que fala, poderá até mesmo ter a candidatura cassada.

O explosivo político poderia aproveitar a sua aceitação no Rio de Janeiro para, quem sabe, galgar uma posição de governador do estado em um futuro breve. Estaria de ótimo tamanho para Bolsonaro. Seus devotos, que lhe chamam de "Bolsomito", terão que aceitar que ele no Planalto é um mito.

"Bolsomito": o mito da presidência da República.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Sutis detalhes

Outro dia o termômetro estava negativo
Faz 10 graus agora e até parece verão
Porque a sensação terrível já passou
E um simples alívio virou a solução

O pobre menino caminhava descalço
Até um par de tênis lhe ser entregue
Ele não machuca mais os seus pés
E se divertir sem temer consegue

Faltou energia elétrica no bairro todo
O que causou a preocupação geral
Estava complicado de se localizar
E na volta da luz a festa foi total

Depois de uma viagem de semanas
Ao chegar, parece nova a moradia
A mobília antiga se faz reluzente
E o próprio lar é razão à alegria

A diferença está nos detalhes sutis
Não deixe de perceber a beleza deles
Como esta estrofe é desigual às outras
Captou, né? Se não, observe mais vezes.


E na volta da luz a festa foi total

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Peixe engolido por água-viva

O fotógrafo australiano Tim Samuel fez sucesso no meio digital após publicar uma imagem curiosa em seu perfil no Instagram, no último dia 7. Ele registrou o momento em que um peixe foi engolido por uma água-viva. A visão rara ocorreu após um mergulho seu em Byron Bay, onde Samuel vive.

Mesmo preso dentro da água-viva, o peixe controlava para onde ela ia. A imagem é belíssima. O ser humano, quando dedica-se à arte, ultrapassa as suas naturais limitações e flerta com o divino. Reles mortais que somos, só temos a agradecer ao australiano, que captou em segundos um momento que agora entra para a história.

O peixe parece assustado após ter sido engolido.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Yin-yang

Estivemos juntos durante horas
Em uma conexão rara de se ver
Yin complementando meu yang
Causa natural para se envolver

Então ela decidiu sumir do mapa
Retornando após duas semanas
Como se nada tivesse acontecido
Desfilando com suas Havaianas

Mal se desculpou, estava serena
Autointitula-se dona de si mesma
Rejeitando o relacionamento sério
Fã de estrangeirismos com trema

Que complicada a delicada dama
Embora não a ache inconquistável
É uma jovem zelosa, diferenciada
Arrebatada por coragem indomável

Os livros que ela lê eu já li todos
A residência dela deve ser logo ali
Possivelmente já passei na frente
Com uma mente dispersa, de guri

Atiçarei a vaidosa com uma pena
Tirando-a da sua zona de conforto
Ela, sem dúvida, virá perfumada
Para o nosso inevitável confronto.


Yin (preto) e yang (branco) completam-se.