segunda-feira, 11 de julho de 2016

Poucos quilômetros por hora

Eu sempre gostei de caminhar de noite, principalmente quando tem um vento leve a tocar o corpo. Nada de sol batendo no rosto ou uma multidão desesperada para chegar a um ponto, mas o frescor na ausência de luminosidade e a natural tranquilidade. O problema é que não moro mais em uma cidade pacata e querem me furtar até esse pequeno prazer.

Caminhar à noite é uma tarefa arriscada quando se mora em um município com altos índices de violência. Existe a chance de ser pego sozinho e acontecer o pior enquanto um enorme contingente de carros passa alheio a isso. Você é o excluído em um lugar decadente e ao mesmo tempo alguém de coragem por estar colocando a sua vida em xeque.

De qualquer forma, na segunda-feira anterior a essa, felizmente realizei a minha marcha noturna. Era uma noite de clima ameno, nem quente e nem frio, ideal para dar uma volta. Acabou sendo um percurso sereno apesar de eu ter que estar com o sinal de alerta ligado continuamente, tomando cuidado com o monstro humano no pesadelo da vida real.

Após cerca de uma hora de a pé, ainda faltava superar o grande morro para chegar em casa. Sorte que sou jovem, aí é possível encarar um caminho íngreme desses com uma certa resistência. Por pior que esteja a situação, sempre tem um lado bom. Suplantei toda a adversidade e percebi que dá para sentir adrenalina a poucos quilômetros por hora.


Sozinho, porém bem acompanhado pela noite.

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