segunda-feira, 17 de julho de 2017

Revelações nas recordações

"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas do gênero. E acontece até o seguinte: quanto mais honesto é o homem, mais coisas assim ele possui." (Fiódor Dostoiévski, em "Memórias do Subsolo")

Será que o fato de não esclarecermos algumas questões delicadas a nós mesmos, evitando um mais profundo diálogo íntimo, por fim não acabe nos fazendo bem? Suspeito que sim. Descobrir demais pode ser um perigo. Outro ser humano é mais facilmente admirável por nós quando não o conhecemos muito. Talvez o apreço que nutrimos pela nossa própria pessoa se sustente nesse olhar descontado que insiste em permanecer sobre aquilo que fazemos.

O homem atormentado pelas lembranças quer parar de pensar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário